SIGNOMICON: um RPG nacional de horror e investigação

"O mal se esconde nos cantos mais escuros da mente humana, onde reinam os demônios. Ele ocupa o subconsciente, onde reinam os pesadelos. Porém, na realidade, o mal se encontra presente de uma forma ainda mais incompreensível.

O que seus olhos veem? O que conseguem perceber? Isso faz sentido? Essas perguntas podem ser desafiadoras para pessoas comuns diante do livro dos significados, o Signomicon, cujo significado próprio é responsabilidade do Mestre e dos Jogadores." 

Essa é a apresentação do jogo Signomicon, um jogo de RPG de horror e investigação que tem como inspiração a Semiótica Peirceana (calma, já vou explicar!) e está em financiamento coletivo no Catarse. O autor, Danilo Ximenes, conversou a equipe da Masmorra de Jogos e contou um pouco sobre o processo de criação do jogo.

Mas antes de tudo, vamos começar pelo começo. O que diabos é Semiótica?

Desenvolvida por Charles Sanders Peirce (1839-914) (daí o termo Peirceana), um dos primeiros criadores do termo semiótica, é possível defini-la como uma "doutrina formal dos signos" (Charles Sanders Peirce, Collected Papers 2.227). Ok, eu sei que isso não diz muito. Vamos pegar a raiz da questão, o nome "semiótica" e destrinchar seu sentido. "Vem da raiz grega semeion, que quer dizer signo” (Lúcia Santaella, O que é Semiótica. 1983, p. 7). Ainda parafraseando Santaella, uma das maiores especialistas do assunto no Brasil, é possível sintetizar em poucas palavras a essência desse complexo campo de estudos: “Semiótica, portanto, é a ciência dos signos, é a ciência de toda e qualquer linguagem”. Como explicado, signo pode ser toda e qualquer linguagem, (verbal, visual, gestual, oral, etc) abarcando uma gama de temas, assuntos e estudos.

Ufa, depois dessa pequena aula, vamos ao que interessa. Nas salas de aula de faculdades de comunicação pelo país, há um lema acerca da semiótica: ame ou odeie!

Nem precisamos perguntar para Danilo Ximenes, o autor do jogo, seu sentimento com relação à disciplina. Afinal, o jogo de RPG de mesa Signomicon surgiu graças as aulas de semiótica (ponto positivo para aqueles que torcem o nariz ao mínimo sinal do nome semiótica!).

A proposta do jogo surgiu quando o futuro publicitário resolveu fazer sua própria versão do jogo Cthulhu Dark (conhecido entre jogadores de RPG como hack, uma versão modificada de algum jogo pronto), criado por Graham Walmsley e traduzido para o português por João Felipe Santos. "Quando eu vi, nem hack era mais, já era outra coisa. Fui modificando o sistema aos poucos, testando bastante, tive apoio da galera que curtiu a ideia e abraçou. Teve professor de português envolvido no projeto, que achou tudo muito legal e testou com os alunos, levando aquela ideia toda da semiótica pra linguagem. Assim, fui obtendo feedback [retorno] e trabalhando no jogo por mais de um ano" explica o autor.

Segundo Danilo, a ideia de usar a semiótica encaixava com conceitos do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein sobre o que pode ser dito. "Que, por sua vez, casava com a ideia de Lovecraft de monstros indescritíveis, formando assim o cenário também" revela Danilo. 

O autor do jogo também explica que o processo de criação não surgiu a partir de um "estalo", mas sim de, em média, um ano de construção, testes e muita leitura, seja de outros jogos ou textos da área acadêmica. Para Danilo, "tudo fez bastante sentido, mas se construiu aos poucos".

Quanto ao cenário, o autor busca comportar todos tipos de horror em uma mitologia. "O mundo foi criado por uma língua viva, que se organizou de forma bela e apressada, produzindo ruídos. Daí se formaram os Inomináveis" explica. O restante da descrição desse cenário você vai descobrir ao adquirir o jogo (hehe).

Por fim, Danilo ainda deixa (como bônus) uma dica para aqueles que tem uma ideia legal mas não sabem como tirar do papel. "Jogue bastante! O mais importante é jogar e, quando todos se divertem, é a melhor sensação. Logo, você vai querer compartilhar com os outros. Daí escreva, publique umas versões, aperfeiçoe com o tempo, mas tenta, vai fundo!" incentiva o autor.

E aí, ficou curioso para conhecer o jogo? Tem uma versão Quickstart disponível gratuitamente no site Dungeonist pra você começar a jogar agora mesmo (clique aqui)!

Já conhecia o jogo, gostou da proposta e quer adquirir uma versão completa, com aventuras prontas e extras? O jogo está em financiamento coletivo no Catarse com muitas recompensas legais (aventura estilo Cyberpunk, aventuras em panfleto, caixa e livro físico) disponível aqui para apoiar!

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